segunda-feira, janeiro 29, 2007

Refúgio

Mais uma vez... O buraco abriu-se e está a puxar-me.

Mais uma vez... Faltam as forças para resistir.

Mais uma vez... Sonho com um refúgio.

Aquele local onde o Sol brilha dia e noite, e todos os recantos estão maravilhosamente arquitectados para me proteger de todos os males que tentem entrar por este poço, puxados como eu por uma força inexplicavel.

Refúgio esse que apenas representa a fraqueza humana. A fraqueza a que eu não consigo resistir... O Sol apagou-se e as forças abandonaram-me... Mais uma vez fazem troça de mim por não as ter conseguido segurar!

Incomodam-me esses risos, mas já não me importam... Só quero o meu refúgio para me esconder um bocadinho... Só um bocadinho... Suficiente para me recompor...

Onde estás? Precisava mesmo de ti...

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Luxúria

Aqui tens o meu corpo.

Apenas o corpo. Sem coração, arrancado do peito por puro capricho. Sem alma, pairando sobre nós totalmente perdida.

Usa e abusa-me.

Futilidade. Perversão. Luxúria.

Sem amor, sem paixão… Apenas prazer a entrar pelos poros e a ressoar em todos os órgãos.

Agarra-me e possui-me com aquela brutalidade sexual. Penetra-me bem fundo. Uma e outra vez.

Toco-te. Agarro-te. Arranho-te. Quero sentir todo o teu corpo sem sentimento.

Possui-me. Acende o cigarro. Sai.

Agora volta e faz amor comigo. Como se fosse a última vez. Beija-me e acaricia-me. Com alma, com coração, com paixão.

Consegues perceber a diferença?

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Um dia de Sol

Acordou. Sobressaltada, como sempre, por um pequeno barulho que parecia vir da sua alma. Olhou para o relógio. Apenas 2 horas tinham passado desde que tinha adormecido. Deixou-se ficar pelo quente conforto daqueles lençóis, sentindo o peso dos vários cobertores como um ser protector. Mas o sono teimava em não voltar.

Olhou pela janela e já era dia. Um sol tímido entrava pelas pequenas frestas do estore, dando-lhe a energia necessária para se levantar. Depois de uma semana de temporal, aquele sol sabia a verão.
Abriu-a e reparou que umas pequenas, mas incomodativas nuvens teimavam em tapá-lo. Meteu-se no banho rapidamente decida a sair à rua e fazer-lhes frente!

Saiu. Sem casaco, sem mala, sem telemóvel. Sem nada. Decidiu dedicar o seu dia ao dia! Saiu para passear, agradecendo a cada centímetro cúbico de ar que lhe entrava nos pulmões, a cada brisa fresca que lhe despenteava o cabelo, a cada raio de sol que lhe aquecia a pele, a cada milímetro de chão que pisava, a cada ser que dela se aproximava… Por simplesmente existirem.

Sons, imagens, odores. Invadiam-lhe todos os sentidos trazendo-lhe recordações… umas boas, outras más… Mas todas com a boa sensação de estar viva.

As nuvens iam-se desintegrando.

Continuou. Sem a noção do passar do tempo… Parecia que tudo se tinha imobilizado num “para sempre” perfeito! Andou, andou, andou. Não se cansava, como se o sol fosse a sua fonte de energia. Enquanto se mantivesse acesso ela continuaria rumo a caminho incerto.

Parou. Não reconhecia aquele local. Impregnado de história era, no entanto, totalmente isolado, abandonado, desconhecido. Todos os seus recantos transmitiam uma força tremenda, contagiante. Não estava cansada mas algo lhe dizia para parar.

Por instantes ali ficou, mas rapidamente se pôs a caminho… Desta vez na direcção contrária. Não sabia que horas eram, mas sentia que devia voltar.

Voltou. Deitou-se. Adormeceu. Acordou. Estava escuro, mas uma luzinha brilhava lá fora. O Sol tinha ficado, prometendo brilhar todo o dia e toda a noite.








( Let the sunshine in! Remember old times?! )

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Porque é que já nada é como era?

[ Neblina das seis da manhã a furar os pulmões de quem se dirige ao emprego.]

O carro prende-se no trânsito com ele e ela lá dentro. Dirige-se cada um para o seu local de trabalho.Conversam.

Ela - Como fazemos logo? Vens ter comigo para irmos ao jantar da Mariana ou vais lá ter depois? É que eu precisava de ajuda para levar os doces que ela me pediu.

Ele - Não sei ainda. Depois mando-te uma mensagem a dizer.

Ela - Mas a uma hora decente, ok? não deixes para meia hora antes como de costume!

Ele - Tá bem pá! Não me comeces já a chatear a cabeça a esta hora da manhã!

O resto do percurso é feito em silêncio. Ela deixa-o na estação para ele apanhar o combóio e dirige-se para o escritório. Detém-se como habitual no café para engolir uma bica e comprar o jornal e segue.
O dia corre. Para ambos. Ela sai mais cedo.

[Final da tarde. Estamos em Março, os dias estão ligeiramente mais compridos. São 17h30. Uma certa frescura no ar.]

"Ainda tenho de ir fazer os doces e ele não chegou a mandar a mensagem! Este gajo é sempre a mesma treta."
Telefona-lhe:

Ela - Tou? Onde é que tu estás?

[bastante barulho do outro lado da linha]

Ele - Aaann...ainda não saí do armazém! Vou demorar uns 10 minutos, tá? Vá, adeus beijinhos!

Desliga-lhe o telefone sem avisar.

Ela - Tou?! Sérgio? Tou? Este cabrão é impossivel! Não quero saber! Desenmerda-te! Vais de autocarro para casa da Mariana que te fodes!

Ela chega a casa. Contrariada fecha-se na cozinha e prepara os doces que tinha prometido à amiga. Sai de casa duas horas depois com tudo pronto. Dele nem sinal. Telefonema, mensagem, nada!

Ele no bar em frente ao armazém conversa com o companheiro de copos enquanto aprecia a sua mini.

Ele - Épa a Sónia anda com um feitiozinho, vou-te contar! Já não há pachorra, pá! Tá-me sempre a foder o juízo com merdices que não lembram a ninguém. Parece que anda sempre com o TPM!

Companheiro - Então meu! Tu és um mole, o qu'é que queres? Deixas-a fazer e dizer tudo o que quer! Escuta bem aquilo que eu te digo: As gajas manejam-se com pulso firme, se deixas fugir um bocadinho que seja a trela, elas entram em debandada total! E depois é a merda que estás a ver!

Ele - Épa, eu só queria mesmo é que ela deixasse de me chatear. Só isso. A paciência já está mesmo a esgotar. Gostava que ela não me desse tantos problemas. Já viste? Agora anda com a mania de me controlar com o telemóvel! É incrivel! Quando namorávamos não era nada assim! Agora parece uma velha, foda-se!

Companheiro - Então se já tás assim nesse estado porque é que não a largas de vez? Pede o divórcio pá! Livra-te da gaja!

Ele - Não. O problema maior é que nem isso consigo fazer. É fodido um gajo ficar assim entre a espada e a parede.


[Está já bastante escuro. Estamos por volta das 19h30/20h00.]


Entretanto do outro lado do rio Ela acelera até casa da amiga. De repento, vindo não se sabe de onde, um carro entra em contra mão no cruzamento e bate-lhe no carro. Quando vem a si sente a cabeça quente e húmida. Estende a mão, sangue. Agarra no telemóvel que lhe caiu para perto do banco e institivamente marca o numero dele.

Ela - Tou? Sérgio? Eu...

Ele - Sim já sei, vais-me foder o juizo porque tou atrasado e patati, patata. Não me melgues Cláudia!

Ela - Sérgio, ouve-me! Eu tive um acidente! Não consigo sair do carro!

Ele - Foda-se Cláudia! Inventas com cada desculpa mais foleira!Eu sei que tou atrasado pá festa! Já aí vou ter!

Ela - Não Sérgio! Estou a falar muito a sério! Não me estou a sentir nada bem, telefona para os bombeiros por favor.

Ele - Mas onde é que estás? Magoaste-te? Tás bem? Eu vou já ter contigo!

Ela - Estou no cruzamento da churrasqueira. Despacha-te. Não me estou a sentir muito bem.

Ele sai , leva o carro do companheiro. Mas há transito na ponte. " Estou sim? diga qual é a sua emergência?" "É a minha esposa, teve um acidente de viação e feriu-se!" " E em que local é que o sr. está?" "Eu estou preso na ponte! mas a minha mulher está na ..." Passado três quartos de hora chega finalmente. Os paramédicos, a policia, a equipa de desencarceramento, o cheiro entordecedor da gasolina derramada." Oh meu Deus! O carro tá desfeito" Começa a gritar.

Ele - Cláudia! onde estás Cláudia!?!

Paramédico - O sr é o marido da sra acidentada?

Ele - Sou, onde é que ela está?

Paramédico - A sua esposa foi transportada de urgência para o hospital.

Ele - Para que hospital? diga-me homem!

Paramédico - Para o Garcia de Horta

Ele não espera um segundo. Salta para dentro do carro e num ápice está no hospital.
Pergunta por ela. Dizem-lhe que está no bloco operatório. Traumatismo craniano, várias escoriações mas mais grave que tudo uma grande hemorragia interna. Pedem-lhe que aguarde na sala de espera. Aquele cheiro de urgências deixam-no zonzo. Dirige-se à saida e encosta-se à parede a fumar um cigarro. O telemóvel toca.


[Começa a chuver.]


Mariana - Tou? Sérgio? Então onde é que vocês andam? Já cá está o pessoal todo! E a Cláudia desligou o telefone porquê?

Ele - Mariana, eu estou no Garcia de Horta. A Cláudia teve um acidente grave e está no bloco operatório. Desculpa.

Mariana - O quê?! Eu vou já para aí!!

Ele - Não Mariana, deixa estar. Não é preciso, a sério.

Mariana - Mas eu não fico descansada. Até já!

Ele - Mas...

A Mariana desligou a chamada. Passado meia hora já lá estavam os amigos todos.
O médico chama.

Médico - Sr. Sérgio Mendes?

Ele - Sim, sou eu. A minha mulher sr Dr? Como é que ela está?

Médico - Por enquanto é dificil dizer. Mas pode vê-la agora durante uns minutos enquanto a transferem para o quarto.

Correu ao seu encontro. Quando a viu não a reconheceu. Apenas os olhos estavam iguais. Tudo o resto estava diferente. Beijou-a.

Ele - Meu amor! Que medo que tive de te perder! Não, não fales, poupa as tuas forças! Oh minha querida! Eu Amo-te tanto!

Ele chora. Ela chora.

Ela - E...u A...mo..te!

A máquina ao lado faz um apito continuo. O quarto enche-se de enfermeiros e médicos. Ele recolhe-se a um canto, inerte perante a cena que se passa perante os seus olhos.

Médico - Lamento muito Sr. Sérgio. A sua esposa não resistiu aos ferimentos. Ela entrou com um quadro bastante grave. Não podiamos ter feito mais nada.

Negro. Tudo há volta está negro.

[Mariana no carro três dias depois do acidente. Rádio do carro ligado nas informações sobre o trânsito]


"Trânsito condicionado na ponte 25 de Abril no sentido Lisboa-Almada, as autoridades procedem a uma busca de um individuo que saltou do tabuleiro da ponte."





[dentro de uma gaveta na casa deles]


"Desculpa. Perdoa-me.Esquece. Não leias isto. Encontramo-nos brevemente.
Hei-de beijar os teus lábios, acariciar a tua pele e dizer-te que vai ficar tudo bem. Prometo que te vou amar como mereces.
Fui estúpido demais.
Tenho tantas saudades tuas...
Amo-te!

Sérgio"



[Porque insistimos em dar por garantido quem amamos?]

Insónias

Quero escrever, mas as palavras não saiem com a fluidez pretendida.

Quero dormir, mas o sono recusa-se a possuir-me... Prefere ficar a olhar e pede-me que resolva e arrume a sua cama... Peço-lhe que me ajude, mas também ele se sente demasiado cansado para me ajudar... Terei então que a arrumar sozinha e de plena consciência!

Talvez separando por tópicos e expondo teorias de resolução.. Talvez não!
Talvez apagando todos os rastos deixados pela desarrumação e esquecendo a sua existência... Também não! Esquecer não é a solução!

Enfrento então, de cabeça erguida o suficiente para não me ver só a mim, todos os cantos a arrumar neste espaço! Comecemos por uma ponta e acabaremos na outra...

Mãos à obra! Há muito para fazer... Assusto-me e sinto-me incapaz de arrumar tudo sozinha... Encosto-me então e fico a olhar, na esperança que, como que por magia, as coisas se ergam e se coloquem no local devido! Tal não acontece mas deixo-me ali ficar... Pode ser que alguém apareça...

O sono acaba por me vir fazer companhia... Diz-me que ficará ao meu lado esta noite, mas não moverá um dedo para me ajudar... "Sozinha desarrumaste, sozinha arrumas... Mas estou aqui, a fazer-te companhia!" Encosto-me então a ele... Faltam-me as forças! Compreendendo-me, embala-me "Mas contigo não dormirei."

Quieta permaneço... Nem um som reproduzo... Procuro em mim forças desconhecidas, existentes mas nunca antes vistas... Mais um pouco e conseguirei!

Por enquanto aqui estou, acompanhada sozinha...

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Retomar as rédeas da democracia - ABORTO

Já falei nisto uma vez mas com um propósito diferente.

Sou a FAVOR da despenalização do aborto.

Pessoalmente não do aborto mas os interesses sociais do país não se podem reger pela supremacia da opinião pessoal. O que nos falta como cidadãos? Esse altruísmo de conseguir ver para além do próprio umbigo. Não votar a pensar que "eu não seria capaz" e sim "alguém pode precisar"

Sou a FAVOR da liberdade de escolha da MULHER.

Porque é principalmente nela que se centra esta questão. Porque é à mulher que cabe a tarefa de carregar o feto no ventre no tempo da gestação. Porque deve ser dada à mulher a oportunidade da escolha. Acidentes acontecem e acho que ninguém está à altura para apontar o dedo. Principalmente porque todos somos seres humanos e como tal nascemos com a propensão para o erro mas a punição do mesmo não tem que recair sobre a mulher, porque para fazer um filho são precisos dois!E por favor não argumentem que com o avanço da medicina neste novo século só acontece a quem é descuidado. É MENTIRA! Nenhum dos métodos contraceptivos existentes é 100% seguro. Se assim fosse os números assustadores de pessoas portadoras do HIV existentes em Portugal, não nos assombravam o noticiário da hora do jantar.

Sou a FAVOR da defesa da integridade fisica e moral da MULHER PORTUGUESA.

Porque não são todas as mulheres que podem facilmente deslocar-se a Espanha onde são atendidas como os seres humanos que são, onde lhes é disponibilizado um serviço de saúde eficiente e que lhes preserva a integridade, onde não são enxuvalhadas em corredores de hospitais.Esse grande número de Mulheres que não se pode deslocar a Espanha, recorre a talhantes que as estorpiam, por vezes fazem com que nunca mais possam ter filhos, provocam-lhes hemorragias, deixam-nas à beira da morte. Depois espera-as um tratamento de bicho nas maternidades onde têm de ir receber raspagens pela bodega de trabalho que os outros bichos lhes fizeram. São maltratadas, recebem um tratamento descriminatório em relação ás parturientes que partilham um mesmo espaço numa qualquer ala da maternidade.

Sou a FAVOR do tratamento igualitário da MULHER.

Nos Hospitais em que procuram socorro por um aborto mal sucedido. Sou a favor de que se crie um núcleo de apoio a mulheres nesta situação. Porque acredito profundamente que uma mulher NUNCA faz um aborto de ânimo leve. Acredito que um aborto deixa marcas profundas na psique feminina independentemente de ser provocado ou acidental.

É necessário e urgente modificar a mentalidade portuguesa. Ambas masculina e feminina. Porque tão imcompreensivel é a enfermeira que não tem uma palavra de consolo para quem precisa como o homem que quando confrontado com os factos, foge com o cu à seringa e diz: "tu é que sabes, o que decidires está bem"

Sou a FAVOR da vida.

E esta é a base para o meu apoio á despenalização do aborto. Acho hediondo serem encontradas crianças abandonadas (muitas vezes mortas) em contentores de lixo, mães que matam os recém-nascidos, que "desaparecem" com eles. Não é necessário fazer de uma mãe uma assassina. Já bastam as que o são por natureza. A despenalização do aborto não é uma sentença de morte. É sim uma declaração de defesa dos direitos da MULHER.


Mas agora a regra e as excepções.

Apoio a 100% o aborto até às dez semanas de gestação. Mas não o aborto como método contraceptivo.
Defendo inquestionávelmente que o Estado financie uma adolescente, uma grávida cujo fecto esteja mal formado, uma gravidez de risco para ambos (embora isso já esteja previsto na actual lei mas não desenvolvido), numa familia em que não haja recursos para sustentar uma criança, numa familia muito numerosa.
Mas definitivamente não apoio uma mulher responsável e independente, maior de idade aos olhos da lei que queira abortar só porque lhe convém. Nestes casos acho por bem que a prestação do serviço seja cobrada num estabelecimento privado de saúde.

Portugal pode perfeitamente receber o exemplo de Espanha onde o Estado financia um aborto
assistido clinicamente até aos três meses de gestação. Em que para além da consulta com o ginecologista e anestesista a utente tem também de passar um exame psicológico para terem a certeza de que realmente não há outra alternativa. Se a gestação já ultrapassar este tempo, poderá ser realizado numa clinica particular. Este é um modelo que, a meu ver, funciona. Tanto funciona que as mulheres portuguesas têm de se dirigir a Espanha para terem uma opção viável e segura para a sua integridade fisica.



Essencialmente o que o povo português têm de saber discernir no dia 11 de Fevereiro do corrente ano é que o SIM não obriga mulher nenhuma a abortar. Abortos sempre existiram e não vão deixar de existir. O NÃO vai deixar que uma noção de tradição e bons costumes que já cheira mal de tão podre e velha sentencie à morte dezenas de mulheres, outras tantas ficaram apenas estorpiadas.





EU LUTO, EXIGO, GRITO, DEFENDO A MULHER PORTUGUESA!

DIZ SIM À DESPENALIZAÇÂO DO ABORTO!

domingo, janeiro 07, 2007

Viver...

é bater no fundo.
Não é negativismo. É só isso mesmo.


Ontem uma amiga de muito tempo disse-me: "Não é com as coisas boas da vida que aprendemos, é com as más!"

Fiquei a pensar e é verdade.

Fazemos planos. Organizamos a nossa vida para um futuro a curto prazo. Planos que nos condicionam o longo prazo. Pensamos "É o meu sonho! Tenho de o viver!" Mas não funciona assim. Basta um estalo bem dado das circunstâncias para percebermos que não vai ser assim. Gostava muito mas lamento muito, não me será possivel nos próximos tempos.

Depois temos de viver com um vazio gigante que tentamos a todo o custo preencher com qualquer coisa. Umas vezes fazem-nos bem e outras nem por isso.

Pior só mesmo quando nem com coisas más nos conseguimos preencher.

De facto pior é mesmo olhar em redor e estar tão profundamente só e sentir ainda mais culpa pelo egoismo desse sentimento.

A merda é viver. Aí é que está o verdadeiro problema. Mandam-nos para esta merda que chamam mundo sem livro de instruções nem itinerário e ficam á espera de nos ver cair.

Ah e tal! "O que custa não é viver é SABER viver" Pois...e onde é que há cursos dessa treta?

Em que fila é que uma gaija se mete para a orientação de percurso de vida?
Secção "Great Achievments of Mankind" ou "Average lifestyle for the Noones"?
E já editaram por acaso algum "Plannig of Life for dummies"?

De qualquer modo gostaria muito de ter informações sobre este assunto.

Agradecida

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Sentidos

Agora caio em mim e percebo o mal de todos os meus males... TU!

Momentos fantásticos, mágicos, únicos. É o que me consigo lembrar do quando estava contigo... O problema era quando não estava... Quando me mentias sem eu perceber, quando fingias tão bem como só tu sabes... Se fosses tão bom na ficção como na vida real ganhavas um Óscar de certeza!!

Mas o problema aqui não foi o que passei, mas sim o que não ultrapassei... Tiraste tudo o que de bom havia em mim, destruíste despreocupadamente toda a minha confiança em mim e nos outros, todos os meus sentimentos, toda a minha auto-estima...

Durante tempos e tempos tentei escondê-lo... Escondê-lo de mim, de ti, dos outros... Envolvia-me com a mesma facilidade como me desligava e destruía nos outros aquilo que destruiste em mim... Fazia tudo tão rapidamente como fazias comigo... Tudo para tentar neutralizar todo o sofrimento, toda a dor que percorria as minhas veias e matava aos poucos o meu coração e a minha esperança de ser feliz...

Agora que consegui dizer-te adeus e voltei a querer sentir, continuas a fazer-me sofrer...

Sinto sem pensar, sinto sem controlar, sinto sem confiar... Sinto e envolvo-me de forma impossível de contornar...

Em tempos pensei teres-me tornado mais forte... Agora vejo que me tornaste mais fraca...

Sinto sem pensar mas não consigo pensar sem sentir... Os sentimentos tomaram conta de mim, penetrando-me com uma força inexplicável... Não quero passar por tudo de novo... Não quero sentir o que senti porque não quero sofrer como sofri... Sinto-me vulnerável ao mais pequeno gesto, ao mais fugaz olhar, à mais insignificante palavra...

Sinto-me.... E não me quero sentir...







(as palavras esgotaram-se... a caneta secou...)