sexta-feira, março 23, 2007

Verão

O sol do meio-dia entrava pelas frestas do estore. Pequeninos raios dançavam sobre o edredon como sombras de velas ao vento.

Suspirou bem de dentro das costelas com um gemido de alma que encheu o quarto. Levantou-se, lavou a cara, vestiu um vestidinho curto de verão e depois de trincar uma torrada, saiu.

"Que dia glorioso!" pensou. Sentou-se no carro, arrancou. Curva, contra-curva, recta prolongada, curva, contra-curva. Finalmente no final da última curva enche os pulmões de maresia.

O mar. O mais que a alma tem para fora do corpo. O infinito azul das possibilidades, da alegria, também da tristeza mas isso não é agora para aqui chamado, não num dia destes. Estirou-se na toalha a receber lambidelas furtivas do sol. De vez em quando uma brisa acariciava-lhe a pele arrepiando-lhe os poros.

Escurece. Faz a viagem de volta e pelo caminho recebe uma mensagem "e k tal janta e dpx ladies nigth? resp. Clara bj". Era mesmo o que apetecia...

Em casa desenrola-se do pedacinho de areal que trouxe dentro do chuveiro. Perfuma-se, veste-se, batôn, rimel, lápis, sombra, fio bonito e aí vamos nós! À hora combinada no restaurante. Depois na discoteca.

A música magistral, os copos, nem de mais, nem de menos, dançar até as pernas não aguentarem. Rir, rir muito. Contar piadas parvas. Meter conversa com desconhecidos. Mais um copo. Mais um pouco. A tontura, "Acho que 'tou a ficar alegre, vou para casa." Não vás...fica mais um pouco, bebe mais um copo. Noite de verão e ainda promete. Não fica.

Finalmente em casa. Sapatos pontapeados para debaixo da cama, vestido atirado para a cadeira. Desmaquilhante, escova de dentes, pijama.

"Que Bom!" o travesseiro. Um suspiro profundo e o sono.

Os sonhos, óbviamente.. em catadupa. Aos arremessos pelo inconsciente fora. De manhã novo suspiro. E um sorriso.




(quem disse que este blog estava down?)

quarta-feira, março 21, 2007

Time

Solta um berro se te faz falta.
Gritar expulsa os demónios em ti, ajuda-te a acalmar... Mesmo sem resolver os problemas...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH

Gritava eternamente. Até ficar sem voz. Até rebentar as cordas vocais. Até que a cabeça explodisse e não houvesse mais nada!

Engulo o berro. Explode dentro de mim...
Piora o efeito, piora o envolvente... Apenas piora.

E sem melhoras aqui vou andando. Muda. Explodindo a cada passo, a cada gesto, a cada palavra.
Explosões reflectidas em sorrisos forçados, fingidos, que parecem deixar tudo bem.... Parece...

Momentos expontâneos, fugazes e de intensa irritação. A ira apodera-se de mim... Mas a cobardia controla-me os impulsos... E, mais uma vez, tudo parece ficar bem... Parece.

Corre, pula, salta... FOGE!

Apetece... Apeteceu... Apetecia...

Mas tudo se mantém na constante do "Está tudo bem!"

Quanto tempo mais?! Indeterminado... Mais uma indeterminação... Uma de muitas... A razão de todas!

Corre, pula, salta, FOGE!!

E volta...







(por favor...)

terça-feira, março 20, 2007

O que resta de mim.

A questão não é se te amo. Talvez : "Será que isto é amor?","Será realmente isto que quero para mim?Todo este sofrimento? Toda esta solidão?" Vou reformular. Já não é solidão. É puro abandono.

Toda esta tua indiferença em relação a mim, este "chove não molha" que me perturba, que me mata todos os dias mais um bocadinho insignificante. Mas todos esses bocadinhos insignificantes já compõe uma vasta área devastada de matéria no centro do coração.

Nunca pensei que chegasse a isto. Nunca pensei que fosses tu a matar-nos. Ao NÓS que um dia achei tão imensamente seguro e inatingível. Ao NÓS de que não conseguia falar sem bater a mão no peito, orgulhosa! Porque ninguém à nossa volta tinha um nós tão profundo. Só tu e eu.

Agora é diferente. Agora as gotas todas juntaram-se e ao imenso mar da paixão juntou-se o rio revolto das intrigas e das mágoas sem perdão.

O que ainda magoa mais é continuar sem saber o porquê. Porquê tanta indiferença? Que tamanho erro terei eu cometido para merecer tal castigo? Não te dei eu tudo o que tinha, por vezes até o que não tinha? Não me retorci para te fazer feliz? Não partilhei o Mau mas em tao grande discrepância também o Bom?

Em que momentos estiveste presente? Diz-me! Quando? estavas lá, sim. Fisicamente. Mas onde estava a minha âncora: o teu amor, o teu respeito, carinho, compreensão? Como se pode amar sem tais compostos? São partes activas do amar. São o catalizador que transforma a paixão em algo mais complexo, mais significativo. Onde ficaram as tuas palavras de apoio? o teu orgulho em mim? Está tudo preso aí dentro do teu cérebro, não é? Então porque não deixas aí armazenadas também a raiva e a mágoa? Porque tiveste de as mostrar tantas e tantas vezes?

Mataste-me o amor. Não sei se te amo porque já não tenho noção do que isso é. Sugaste-me a felicidade e a vontade de viver. Acho que deixei de ter fé em mim, em ti e na humanidade.

Sou agora uma casca. Uma embalagem de um universo Eu que implodiu e se espalhou pela imensidão. Sou agora fragmentos. Não sei como juntar-me, como desfazer a expansão. Conheceste um universo mas és dono de apenas uma pequena constelação de mim mesma. Da única parte que ainda não conseguiu encontrar o caminho de volta.

Achas que é remediável? Achas que dá para voltar atrás e fazer tudo de novo? Eu não acredito. Mas pode ser que se tu acreditares com força suficiente isso chegue para nós os dois. Mais tarde eu apanho o barco e encontro-me contigo a meio do caminho, quando reunir de novo as forças suficientes para te acompanhar.

O que resta de mim é isto. Não sei que pretendes fazer comigo mas decide depressa. O tempo é escasso e a liberdade espera-me.

quarta-feira, março 14, 2007

Obrigada

Acordei e sorri. Vi aquele sol chamativo e corri para a rua pronta para mais um dia... Esperava um dia bom... Algo se mexia no meu estomago... mas ainda nada se mostrava..

Irritação matinal do trânsito, muito tipico em mim.
Custosa viagem até ao terreno para desenhar... ou fingir!
Uma conversa que até me deixou animada.

Mas o resto do dia começava a piorar...

Deitei-me e dormi...

Acordei para a consulta, saí. Falei, chorei, ri...
Frustrada continuei, porque o presságio de um bom dia ao lado passava.

Cheguei a casa e liguei a net. Novidade na cápsula...

Leio e sorrio... E ai me apercebo, que são pequenas coisas que fazem o nosso dia maravilhoso...
A maravilha de perceber, que despercebidamente, as pessoas nos percebem! Leste-me sem me estragares, e percebeste muitos bocadinhos de mim... Em tão pouco tempo te tornaste importante... Muitas e muitas vezes falamos sobre isto, partilhamos opiniões... Sempre na mesma tecla... Há um ano nem da vossa existência tinha conhecimento, hoje fazem parte de mim... Uns vêm, marcam, mas vão... Outros ficam... E tu ficaste, sem eu me aperceber...


Li e sorri... E ai percebi que por muito pequenas que sejam, as coisas boas iluminam-nos o dia...

Obrigada por me teres iluminado o dia!