quarta-feira, janeiro 10, 2007

Retomar as rédeas da democracia - ABORTO

Já falei nisto uma vez mas com um propósito diferente.

Sou a FAVOR da despenalização do aborto.

Pessoalmente não do aborto mas os interesses sociais do país não se podem reger pela supremacia da opinião pessoal. O que nos falta como cidadãos? Esse altruísmo de conseguir ver para além do próprio umbigo. Não votar a pensar que "eu não seria capaz" e sim "alguém pode precisar"

Sou a FAVOR da liberdade de escolha da MULHER.

Porque é principalmente nela que se centra esta questão. Porque é à mulher que cabe a tarefa de carregar o feto no ventre no tempo da gestação. Porque deve ser dada à mulher a oportunidade da escolha. Acidentes acontecem e acho que ninguém está à altura para apontar o dedo. Principalmente porque todos somos seres humanos e como tal nascemos com a propensão para o erro mas a punição do mesmo não tem que recair sobre a mulher, porque para fazer um filho são precisos dois!E por favor não argumentem que com o avanço da medicina neste novo século só acontece a quem é descuidado. É MENTIRA! Nenhum dos métodos contraceptivos existentes é 100% seguro. Se assim fosse os números assustadores de pessoas portadoras do HIV existentes em Portugal, não nos assombravam o noticiário da hora do jantar.

Sou a FAVOR da defesa da integridade fisica e moral da MULHER PORTUGUESA.

Porque não são todas as mulheres que podem facilmente deslocar-se a Espanha onde são atendidas como os seres humanos que são, onde lhes é disponibilizado um serviço de saúde eficiente e que lhes preserva a integridade, onde não são enxuvalhadas em corredores de hospitais.Esse grande número de Mulheres que não se pode deslocar a Espanha, recorre a talhantes que as estorpiam, por vezes fazem com que nunca mais possam ter filhos, provocam-lhes hemorragias, deixam-nas à beira da morte. Depois espera-as um tratamento de bicho nas maternidades onde têm de ir receber raspagens pela bodega de trabalho que os outros bichos lhes fizeram. São maltratadas, recebem um tratamento descriminatório em relação ás parturientes que partilham um mesmo espaço numa qualquer ala da maternidade.

Sou a FAVOR do tratamento igualitário da MULHER.

Nos Hospitais em que procuram socorro por um aborto mal sucedido. Sou a favor de que se crie um núcleo de apoio a mulheres nesta situação. Porque acredito profundamente que uma mulher NUNCA faz um aborto de ânimo leve. Acredito que um aborto deixa marcas profundas na psique feminina independentemente de ser provocado ou acidental.

É necessário e urgente modificar a mentalidade portuguesa. Ambas masculina e feminina. Porque tão imcompreensivel é a enfermeira que não tem uma palavra de consolo para quem precisa como o homem que quando confrontado com os factos, foge com o cu à seringa e diz: "tu é que sabes, o que decidires está bem"

Sou a FAVOR da vida.

E esta é a base para o meu apoio á despenalização do aborto. Acho hediondo serem encontradas crianças abandonadas (muitas vezes mortas) em contentores de lixo, mães que matam os recém-nascidos, que "desaparecem" com eles. Não é necessário fazer de uma mãe uma assassina. Já bastam as que o são por natureza. A despenalização do aborto não é uma sentença de morte. É sim uma declaração de defesa dos direitos da MULHER.


Mas agora a regra e as excepções.

Apoio a 100% o aborto até às dez semanas de gestação. Mas não o aborto como método contraceptivo.
Defendo inquestionávelmente que o Estado financie uma adolescente, uma grávida cujo fecto esteja mal formado, uma gravidez de risco para ambos (embora isso já esteja previsto na actual lei mas não desenvolvido), numa familia em que não haja recursos para sustentar uma criança, numa familia muito numerosa.
Mas definitivamente não apoio uma mulher responsável e independente, maior de idade aos olhos da lei que queira abortar só porque lhe convém. Nestes casos acho por bem que a prestação do serviço seja cobrada num estabelecimento privado de saúde.

Portugal pode perfeitamente receber o exemplo de Espanha onde o Estado financia um aborto
assistido clinicamente até aos três meses de gestação. Em que para além da consulta com o ginecologista e anestesista a utente tem também de passar um exame psicológico para terem a certeza de que realmente não há outra alternativa. Se a gestação já ultrapassar este tempo, poderá ser realizado numa clinica particular. Este é um modelo que, a meu ver, funciona. Tanto funciona que as mulheres portuguesas têm de se dirigir a Espanha para terem uma opção viável e segura para a sua integridade fisica.



Essencialmente o que o povo português têm de saber discernir no dia 11 de Fevereiro do corrente ano é que o SIM não obriga mulher nenhuma a abortar. Abortos sempre existiram e não vão deixar de existir. O NÃO vai deixar que uma noção de tradição e bons costumes que já cheira mal de tão podre e velha sentencie à morte dezenas de mulheres, outras tantas ficaram apenas estorpiadas.





EU LUTO, EXIGO, GRITO, DEFENDO A MULHER PORTUGUESA!

DIZ SIM À DESPENALIZAÇÂO DO ABORTO!

1 comentário:

Sarilha disse...

Fiquei sem palavras... Tou realmente "maravilhada" com o que escreveste... e digo.te sinceramente que acho que é dos melhores textos que alguma vez li de ti... adoro, pura e simplesmente! Concordo com cada palavra que escreveste, partilho o mesmo sentimento... E já nem sei o que escrever sobre o assunto!! (estúpida =P tiraste-me as palavras da boca, da alma mais propriamente)

é isto que adoro em ti =)