terça-feira, março 20, 2007

O que resta de mim.

A questão não é se te amo. Talvez : "Será que isto é amor?","Será realmente isto que quero para mim?Todo este sofrimento? Toda esta solidão?" Vou reformular. Já não é solidão. É puro abandono.

Toda esta tua indiferença em relação a mim, este "chove não molha" que me perturba, que me mata todos os dias mais um bocadinho insignificante. Mas todos esses bocadinhos insignificantes já compõe uma vasta área devastada de matéria no centro do coração.

Nunca pensei que chegasse a isto. Nunca pensei que fosses tu a matar-nos. Ao NÓS que um dia achei tão imensamente seguro e inatingível. Ao NÓS de que não conseguia falar sem bater a mão no peito, orgulhosa! Porque ninguém à nossa volta tinha um nós tão profundo. Só tu e eu.

Agora é diferente. Agora as gotas todas juntaram-se e ao imenso mar da paixão juntou-se o rio revolto das intrigas e das mágoas sem perdão.

O que ainda magoa mais é continuar sem saber o porquê. Porquê tanta indiferença? Que tamanho erro terei eu cometido para merecer tal castigo? Não te dei eu tudo o que tinha, por vezes até o que não tinha? Não me retorci para te fazer feliz? Não partilhei o Mau mas em tao grande discrepância também o Bom?

Em que momentos estiveste presente? Diz-me! Quando? estavas lá, sim. Fisicamente. Mas onde estava a minha âncora: o teu amor, o teu respeito, carinho, compreensão? Como se pode amar sem tais compostos? São partes activas do amar. São o catalizador que transforma a paixão em algo mais complexo, mais significativo. Onde ficaram as tuas palavras de apoio? o teu orgulho em mim? Está tudo preso aí dentro do teu cérebro, não é? Então porque não deixas aí armazenadas também a raiva e a mágoa? Porque tiveste de as mostrar tantas e tantas vezes?

Mataste-me o amor. Não sei se te amo porque já não tenho noção do que isso é. Sugaste-me a felicidade e a vontade de viver. Acho que deixei de ter fé em mim, em ti e na humanidade.

Sou agora uma casca. Uma embalagem de um universo Eu que implodiu e se espalhou pela imensidão. Sou agora fragmentos. Não sei como juntar-me, como desfazer a expansão. Conheceste um universo mas és dono de apenas uma pequena constelação de mim mesma. Da única parte que ainda não conseguiu encontrar o caminho de volta.

Achas que é remediável? Achas que dá para voltar atrás e fazer tudo de novo? Eu não acredito. Mas pode ser que se tu acreditares com força suficiente isso chegue para nós os dois. Mais tarde eu apanho o barco e encontro-me contigo a meio do caminho, quando reunir de novo as forças suficientes para te acompanhar.

O que resta de mim é isto. Não sei que pretendes fazer comigo mas decide depressa. O tempo é escasso e a liberdade espera-me.

1 comentário:

Sarilha disse...

algo de estranho e doloroso se abateu sobre este blog... precisamos de nós para nos puxar!
adoro.te***